(Foto: TV Globo/Reprodução) |
Uma mulher de 44 anos morreu aguardando o atendimento na fila do Centro de Referência em Assistência Social (Cras) do Paranoá, no Distrito Federal, durante madrugada desta quarta-feira (17).
De acordo com informações de testemunhas ao g1, Janaína Nunes Araújo tentava atendimento há oito dias e, conforme a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes-DF), ela foi levada para o hospital, mas não resistiu. O órgão lamentou a morte e afirmou estar prestando assistência aos familiares.
O Cras é responsável por serviços como cadastramento ou atualização dos dados no CadÚnico, para que pessoas de baixa renda possam ser incluídas em programas como Tarifa Social de Energia Elétrica e Benefício de Prestação Continuada (BPC), e dá direito ao Auxílio Emergencial e ao Auxílio Brasil, entre outros benefícios.
Filas no Cras
Desde junho, dezenas de pessoas madrugam nas filas dos Cras, em diversas regiões de Brasília, para conseguir acesso a benefícios sociais. Segundo relatos, Janaína começou a passar mal por volta das 4h, com sinais de infarto. Apesar de terem tentado chamar o Samu, não receberam o socorro. Ela estaria procurando atendimento para receber benefícios sociais porque não podia trabalhar por ter "problemas psicológicos".
Em nota ao g1, a Secretaria de Saúde informou que a vítima se sentiu mal por volta das 20h de terça-feira (16), mas não procurou atendimento médico. De acordo com a pasta, "às 4h18, houve um registro de chamado realizado ao Samu, no entanto, aos 41 segundos, a ligação foi interrompida pelo solicitante".
"Registra-se que o médico regulador sequer teve oportunidade de ser informado do quadro da paciente", diz a secretaria.
A pasta disse que, às 4h26, Janaína deu entrada no Hospital Regional do Paranoá com "rosto roxo, corpo rígido e pupilas médio fixas". A vítima passou por ressuscitação cardiopulmonar, mas não resistiu e teve óbito declarado às 5h. Foi solicitada necropsia do corpo para identificar a causa da morte, informou a secretaria de Saúde do DF.
Com relação ao atendimento, o número de senhas disponibilizado diariamente pela Sedes não é suficiente para atender a todas as solicitações. Por isso, os usuários precisam dormir na fila, para garantir o atendimento.
Na semana passada, a Polícia Civil do DF abriu uma investigação para apurar uma denúncia de venda de vagas na fila dos centros. A suspeita é que criminosos tenham se aproveitado da dificuldade no atendimento para cobrar até R$ 100 e garantir um lugar na fila.
A Sedes diz que, na quarta-feira, realizou 108 atendimentos no Cras do Paranoá, "considerando demanda espontânea, pessoas agendadas e atendimento com algum especialista".
A pasta diz ainda que "vem promovendo seguidas ações para viabilizar cada vez mais o atendimento ao cidadão".
Fonte: Correio
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