Representante da OMS diz que transmissão de Covid-19 por pacientes sem sintomas parece ser rara, mas fala é criticada por pesquisadores



A chefe do programa de emergências da Organização Mundial de Saúde (OMS), Maria van Kerkhove, afirmou nesta segunda-feira (8) que a transmissão da Covid-19 por pacientes sem sintomas da doença parece ser "rara". A fala no entanto, foi alvo de críticas de pesquisadores (leia mais abaixo), o que levou Maria a, horas depois, fazer ressalva sobre a diferença entre os assintomáticos e os pré-sintomáticos, pessoas já infectadas que vão desenvolver algum sintoma da doença.

(ATUALIZAÇÃO: Um dia após a declaração de Maria van Kerkhove, a OMS fez um esclarecimento e afirmou que "transmissão por casos assintomáticos está ocorrendo, a questão é saber quanto"].

Ao falar de transmissão aparentemente "rara" dos assintomáticos, Maria argumentava que a contenção da transmissão da Covid-19 pode ser mais rápida com a localização e o isolamento dos casos sintomáticos. Ao analisar o tema, Maria citava países com grande capacidade de testagem e rastreio.

A representante da OMS também ponderou que, em alguns casos, quando uma segunda análise dos supostos casos assintomáticas é feita, descobre-se que os pacientes tiveram, na verdade, leves sintomas da infecção.

Resumo

8 de junho

Maria van Kerkhove afirmou que transmissão da Covid-19 por pacientes sem sintomas da doença parece ser "rara".
Pesquisadores criticaram fala, e estudioso de Harvard afirmou pelo Twitter que infectado pode transmitir vírus antes de apresentar sintomas, ou seja, quando é considerado pré-sintomático.
Horas após a fala inicial, a representante da OMS reforçou pelo Twitter que há diferença entre pacientes assintomáticos e pré-sintomáticos, e recomendou a consulta ao guia da OMS que trata do uso de máscaras para a proteção.

9 de junho

OMS esclareceu que assintomáticos tramitem coronavírus.' A questão é saber quanto', disse o diretor de emergências da OMS, Michael Ryan.

Crítica por declaração ambígua

A declaração da chefe do programa de emergências foi criticada por pesquisadores por ter soado ambígua. Entre os críticos que ajudaram a esclarecer o pronunciamento esteve o diretor do Instituto de Saúde Global da Universidade de Harvard, Ashish K. Jha.

O pesquisador da universidade norte-americana argumentou no Twitter que infectados que não apresentam sintomas são uma forma importante para a transmissão da Covid-19. Muitos deles, segundo o estudioso, podem transmitir o vírus antes de apresentarem os sintomas, quando são considerados pré-sintomáticos.

"Muitos deles já espalham o vírus antes de desenvolver sintomas", disse Jha. "Eles são, tecnicamente, pré-sintomáticos e não assintomáticos."

Ele explicou que apenas 20% dos infectados não desenvolverão nenhum sintoma. Os outros 80% poderão desenvolver sintomas leves ou mais duros da doença. O pesquisador de Harvard também ponderou que a OMS diferencia os dois casos e ressaltou que há mais casos de indivíduos pré-sintomáticos que assintomáticos.

Diferença entre assintomáticos e pré-sintomáticos

Diante das críticas e dúvidas, horas depois da declaração, em seu perfil no Twitter, Maria van Kerkhove reforçou que há diferença entre pacientes assintomáticos e pré-sintomáticos. Além disso ela recomendou a consulta ao guia da OMS publicado na sexta (5), que trata do uso de máscaras para a proteção.

No documento, a entidade diz que "estudos mais abrangentes sobre a transmissão de indivíduos assintomáticos são difíceis de conduzir", mas cita um trabalho como exemplo. A pesquisa aponta que, entre 63 indivíduos assintomáticos estudados na China, havia evidências de que 9 (14%) infectaram outra pessoa.

No mesmo documento, a OMS alerta: "Os dados disponíveis até o momento, que tratam de casos de infecção em pessoas sem sintomas são decorrentes de um número limitado de estudos com pequenas amostras que estão sujeitas a revisões e não podem dizer se eles carregam a transmissão."

Rastreamento abrangente

Ao analisar o tema, Maria citava países com grande capacidade de testagem e rastreio. "Temos alguns relatos de países que estão fazendo rastreio de contatos muito detalhados, estão seguindo casos assintomáticos, seguindo contatos e não estão encontrando transmissões secundárias. É muito raro", disse van Kerkhove.

"Estamos constantemente olhando para esses dados e tentando obter mais informações para de fato responder a essa pergunta, [mas] ainda parece ser raro que um indivíduo assintomático transmita a doença", completou van Kerkhove.

A especialista pediu que os países se concentrassem naqueles que têm os sinais de infecção para tentar fazer o controle do vírus.

"Se de fato acompanhássemos todos os casos sintomáticos, isolássemos esses casos, rastreássemos os contatos e colocássemos esses contatos em quarentena, haveria uma drástica redução na transmissão. Se pudéssemos nos focar nisso, iríamos nos sair muito bem em termos de suprimir a transmissão", afirmou.

Fonte: G1

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