Vidas ameaçadas


Se a Covid-19 é uma ameaça a qualquer pessoa, quando se fala em comunidades indígenas ela pode representar um verdadeiro extermínio em massa porque tradicionalmente grupos isolados são mais vulneráveis às epidemias. Sem respeitar diferenças de raças ou credos, o vírus avança pelas aldeias por todo o País sem nenhuma resistência e os povos nativos já contabilizam mais de 716 casos e 107 óbitos até a última quarta-feira, segundo o último levantamento feito pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). “A contaminação está muito acelerada e já atinge 45 povos em aldeias e pode dizimar os indígenas, já que a letalidade chega a 15% ante os 6,6% da população brasileira em geral”, explica a coordenadora executiva da APIB, Sonia Guajajara.

Segundo ela, a falta de assistência por parte do governo federal levou a organização de um plano nacional contra a epidemia, bem como a criação de um comitê especial para decidir as ações e até contabilizar os casos da doença, já que a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), ligada ao Ministério da Saúde, só contabiliza casos em aldeias, deixando de lado os índios que saíram para estudar ou trabalhar nas cidades. Conforme dados da Sesai, foram registrados 489 casos, com 25 óbitos. “Para piorar, não poderemos levar nada do que estamos conseguindo em doação, como máscaras e testes, sem a autorização prévia da Sesai, conforme ofício número 55, anunciado dia 18 de maio pela secretaria”, explica Guajajara.

O aumento de casos entre indígenas no estado do Amazonas assustou e até o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB). Ele afirmou em vídeo nas redes sociais que teme um genocídio dos povos devido à pandemia. Para ele, um crime contra a humanidade está acontecendo em sua região. Virgílio cobrou do governo federal a proteção aos indígenas e criticou a legalização de garimpos em suas terras. O Amazonas é hoje um dos Estados mais afetados pela pandemia e tem 22.132 casos confirmados, com 1.491 mortes. Nacionalmente, as mortes pela doença chegam a 20 mil, com quase 300 mil infectados.

Para tentar evitar a propagação do vírus, a Fundação Nacional do Índio (Funai) informa que produziu uma cartilha indicando o que deve ser feito a partir do momento em que houver suspeita de Covid-19 nas aldeias. O guia orienta sobre o isolamento social imediato de pessoas com suspeita da doença. Já o Ministério da Saúde, por meio da Sesai, diz em nota que implementa ações de informação, prevenção e combate ao coronavírus, para orientar as comunidades indígenas. Elas pedem socorro.

Fonte: Istoé

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