Falso câncer, vendas importadas e mais: Mãe e filha são denunciadas por série de golpes em Salvador

Após cometerem os golpes há anos, as duas deixaram de retornar aos ajudantes em Salvador |Reprodução/Leitor BNews


Pedidos de transferências via pix com base em choros e mensagens comoventes para despertar o lado emocional dos ajudantes. Essas foram algumas das estratégias definidas, nos mínimos detalhes, por mãe e filha, que foram denunciadas por uma série de golpes em Salvador, que envolve desde falso câncer até a promessa de vendas de produtos importados.

O BNews tomou conhecimento de que um grupo de pessoas foi vítima da dupla, identificada como Drielle Menezes Sena e Ana Paula Menezes Sena, que seria mãe adotiva da jovem.

Em um plano quase que cinematográfico, as mulheres de 46 anos e 28 anos, tomaram atitudes como raspar o cabelo da mais nova e colocar um cateter no braço, tudo isso para se aprofundar em um conto do golpe do falso câncer. “Durante dois anos ajudei e divulguei muito o caso dessa menina… foram pix e mais pix, rifas, caixão pra avó que morreu, meu irmão reformou a casa delas, tinha empresário que doava mensalmente entre R$ 3 e 4 mil”, detalhou uma das vítimas ao BNews.

Entre os planos de atrair mais pessoas, as suspeitas chegaram a criar caixas de sabonetes para vendas. Estes produtos eram comercializados por cerca de R$ 10. Além disso, imagens de valores de vaquinhas, rifas e do tratamento eram constantemente divulgadas em grupos de WhatsApp como forma de sensibilizar as vítimas.

Descoberta

Somente em janeiro de 2023, a descoberta do golpe aconteceu. Uma mulher, que doava valores em dólar dos Estados Unidos, pediu um relatório médico para elas, mas não recebeu. Foi aí que Ana teria virado uma pessoa “extremamente agressiva”. Ações como o Instagram inativo e o número de WhatsApp desativado reforçaram a suspeita.

Fotos eram enviadas a grupos de redes sociais sobre o estado de saúde de Drielle. Foto: Divulgação/Leitor BNews


Familiares

Os golpes atingiram ainda familiares de Ana Paula, um deles a prima. “Elas me venderam eletrônicos, os quais nunca me entregaram, pediram valores emprestados para medicamento e exames aos quais também não pagaram. Pegou um celular para botar em rifa a qual não colocou e nem devolveu”, citou o marido da prima da suspeita, que perdeu mais de R$ 80 mil. Ainda segundo o denunciante, ele pegou dinheiro emprestado com outras pessoas.

Quem também sofreu foi um dos vizinhos do Condomínio São Paulo, no bairro de Jardim Nova Esperança, identificados pelas iniciais P.R. Comovido pela situação, ele teve os cartões de crédito que havia emprestado foram 'estourados', em cerca de R$ 9.500, além de perder um carro, que vendeu no valor de R$ 11 mil, ainda em 2020.

“Eu já chorei por elas, levantava de madrugada para procurar água de coco, levar Drielle para molhar os pés no mar, pois não saberia se, no dia seguinte, ela estaria viva. Elas faziam festa aqui no condomínio com valores virtuosos de custos. A mãe biológica fez uma festa de aproximadamente R$ 4 mil. Para quem tem uma filha com câncer e sem condições de comprar comida. [Ana] recebia mensalmente cestas básicas e doava as mesmas, pois detestava cozinha, ifood era no mínimo três vezes ao dia.

Ilusão

Identificada pelas iniciais T.P, outra vítima viveu o pesadelo a partir de março de 2023. Segundo a fonte, o noivo de Ana Paula exportaria produtos importados em uma proposta de comércio no Brasil. Depois da compra, nenhum item chegou até a vítima e seu namorado. “O que era para durar 20 dias, tornou-se em um mês de um verdadeiro abuso psicológico", disse.

"Todos os dias era uma conversa diferente, diziam que chegou mais para liberar, tinha pagar mais uma taxa, pagavamos e não liberava, para tudo ela tinha um argumento. Até tomamos empréstimos com agiotas, bancos, parentes e amigos”, detalhou ao BNews.

Somente após uma ida ao Aeroporto de Salvador, no último dia 26 de dezembro, com ajuda de uma advogado, descobriram que não havia mercadorias nem no nome da mãe nem da filha. “Mantemos contato com Ana Paula, para que enviasse o código de rastreio, logo ela mudou de figura, se negou a mandar, disse que estava em reunião e no final do dia resolveria isso. Logo após sumiu, e os seus contatos já não atendiam mais”, mencionou.

Valor da vaquinha superou R$ 27 mil. Foto: Divulgação/Leitor BNews

O casal inclusive deixou os empregos onde estavam por causa de outra proposta de Ana Paula. A ideia era contratações imediatas em uma construtora onde a suspeita trabalhava. “Ficamos desempregados, cheios de dívidas e sem nada. Elas não só roubam dinheiro, roubam a paz, destroem sonhos e sugam forças”.

Desde abril do ano passado, essas pessoas estão ‘a ver navios’, sem nenhum retorno sobre pagamentos ou resposta de Ana Paula.

A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil e com o Ministério Público para saber mais informações sobre este caso, mas, até a publicação desta matéria, não obteve retorno. O espaço será atualizado em caso de resposta.

Uma das vítimas explicou à reportagem que Drielle e Ana Paula tem o costume de alterar o número de telefone com frequência, numa tentativa de evitar que sejam contatadas. "Elas vivem trocando de celular. Toda vez que um novo grupo descobre, elas vão e trocam de celular", explicou.

Em contato com uma outra fonte, o BNews conseguiu números atribuídos a uma das suspeitas. No entanto, as tentativas de ligação não foram bem sucedidas, com mensagens de número bloqueado para chamadas e telefone inexistente.

No entanto, um dos celulares obtidos pela reportagem recebeu mensagens via Whatsapp. O BNews tentou contato, inclusive, com a finalidade de entender mais detalhes sobre as doações, mas, ainda assim, não obteve retorno.

Fonte: BNews

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