PF faz nova operação contra grupo miliciano e prende mulher do deputado baiano Binho Galinha


A Polícia Federal realizou uma nova operação nesta terça-feira contra um grupo miliciano sediado no município baiano de Feira de Santana. Junto a Receita Federal, o Ministério Público Estadual e órgãos da policial civil, a operação cumpre 17 mandados de busca e apreensão, além de cumprir um mandado de prisão preventiva contra Mayana Cerqueira, mulher do deputado estadual Kleber Cristian Escolano de Almeida (Patriota), o Binho Galinha.

De acordo com informações divulgadas pela PF, a operação tem o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada na lavagem de capitais advindos de jogo do bicho, agiotagem, extorsão e receptação qualificada. Além dos mandados de busca e de prisão, foram bloqueados aproximadamente R$ 4 milhões das contas bancárias dos investigados, além da suspensão de funções públicas de cinco policiais militares, e a suspensão de atividades econômicas de uma empresa. A decisão foi expedida pela 1º Vara Criminal de Feira de Santana.

A operação, batizada de Hybris, é um desdobramento da El Patrón, deflagrada em dezembro do ano passado. À época, as investigações apontavam Binho Galinha como líder do grupo criminoso, alvo de busca e apreensão. Ainda em dezembro, Mayana foi beneficiada com prisão domiciliar, no entanto, foi presa nesta terça-feira.

Ainda na primeira fase da operação, os investigadores apontaram que o grupo seria responsável por "efetuar cobranças, mediante violência e grave ameaça, de valores indevidos oriundos de jogos ilícitos e empréstimos a juros excessivos".

"Segundo foi apurado, o chefe da organização atualmente é detentor de foro por prerrogativa de função e, com isso, faz-se necessário esclarecer que, desde 2018, o Supremo Tribunal Federal vem entendendo que parlamentares serão processados e julgados pela justiça de primeiro grau em caso cometimento de crimes antes da diplomação do cargo e desconexo a ele", informou a PF.

Inconsistências fiscais
A Receita Federal detectou movimentações financeiras atípicas por parte dos investigados. Os relatórios foram produzidos em cumprimento à ordem judicial e apontaram "inconsistências fiscais", além da existência de "bens móveis e imóveis não declarados e indícios de lavagem de dinheiro".


O caso começou a ser investigado após recebimento de ofício encaminhado pelo Ministério Público da Bahia. O documento relatava "graves ilícitos penais que estariam sendo perpetrados na região". O avanço da investigação revelou, segundo a PF, "elementos probatórios que revelaram a participação dos indiciados num grupo miliciano e evidenciaram parte de sua estrutura, inclusive o seu poderio econômico".

Quem é Binho Galinha

Binho Galinha: deputado estadual da Bahia é acusado de liderar esquema de milícia e jogo do bicho — Foto: Divulgação / ALBA

Natural de Milagres, Binho Galinha passou grande parte de sua vida em Feira de Santana, cidade em que chegou a ser preso em 2011. Na ocasião, foi acusado de integrar uma quadrilha responsável por roubos de automóveis e caminhões e foi detido portando uma pistola. Após três dias, foi liberado pela Polícia Civil e respondeu inquérito em liberdade, que não chegou a um processo judicial. Empresário, o deputado estadual é sócio da Tend Tudo desde 2006, um ferro velho que vende peças e acessórios para veículos automotores na cidade.

Foi inclusive do lado de fora de sua empresa que Binho Galinha se cacifou para a política. Durante a pandemia, ele começou a entregar quentinhas para pessoas vulneráveis, até que começou a chamar atenção dos caciques locais e recebeu um convite para concorrer pelo Patriota.

Durante a campanha, em 2022, explicou que o apelido "Binho Galinha" surgiu logo após sua mudança para Feira de Santana. Quando chegou na cidade, trabalhou como entregador de um abatedouro de galinhas.

Porcurada pelo O Globo, a defesa de Mayana Cerqueira não se pronunciou até o momento.
Fonte: O Globo

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