Clube do Leader: do auge ao abandono. O que fazer?


Conta a História do município de Jacobina, no Piemonte da Diamantina (BA), que uma das áreas mais importantes do setor urbano do município, o bairro do Leader, ganhou este nome em virtude da construção da sede do Leader Esporte Clube, que foi inaugurada no ano de 1966. Antes, recorda a professora aposentada Maria Isabel dos Santos Britto, 73, chamava-se “Pomba Choca” e era ocupada pela população pobre, principalmente garimpeiros. As casas que margeavam o Rio do Ouro eram, inicialmente, feitas de adobe e cobertas de palha.

O cenário começou a mudar em 1924, com a construção do cais no Rio do Ouro e da ponte que ligava a Praça Castro Alves à Rua Senador Pedro Lago, marcando o início de uma nova fase de crescimento da cidade e, dessa vez, a ocupação do bairro se deu pela população economicamente favorecida da região (comerciantes, médicos e empresários).

A saudosa professora Doracy Araújo Lemos relata em seu livro “Jacobina, Sua História e Sua Gente” que, por volta de 1950, um grupo de jovens jacobinenses decidiram fundar o Leader Esporte Clube, um time de futebol com as cores alvi-rubro. O nome “Leader” de origem inglesa foi escolhido, significando “Líder” na sua tradução para o português. O clube, ao longo das décadas, se tornou um dos mais tradicionais da cidade, atraindo a chamada “nata” da sociedade jacobinense.



Localizado na rua Margem Rio do Ouro, próximo ao Centro da cidade, o Leader Esporte Clube atualmente encontra-se completamente abandonado e degradado, mas já foi um local de lazer, de práticas esportivas e palco de shows de grandes nomes da música brasileira, como Reginaldo Rossi, The Fevers, José Augusto, Fábio Jr., Gretchen e Belchior, dentre outros.

Nos anos de apogeu, o clube também sediou festas tradicionais, como o Baile da Fraternidade e o famoso Baile do Vermelho e Branco – que marcava o início das micaretas da cidade. Nos finais de semana, o Leader era o ponto de encontro das famílias mais abastadas de Jacobina, oferecendo uma série de atividades esportivas e de lazer, como piscinas, quadras poliesportivas, parque infantil, salão de jogos e salão de festas.

Muitas vezes quem não conseguia entrar, por não ser sócio ou convidado de algum sócio, dava aquele jeitinho brasileiro pulando o muro ou acessando por cima da serra e arriscando-se a ser colocado para fora quando descoberto por algum vigia. Enfim, são diversos momentos vividos por várias gerações nesse que foi um dia o mais importante clube social da cidade.


No entanto, o Leader teve sua sede desativada há mais de 10 anos e sofre, além da degradação do espaço, uma série de processos judiciais. Por esse motivo, algumas pessoas sugerem a desapropriação do imóvel pelo Município, visando a implantação de um projeto social que atenda à comunidade.

O declínio do Leader acompanhou a tendência de desinteresse pelos clubes sociais na Bahia ocorrida, principalmente, a partir dos anos 1990, devido a crises financeiras, má gestão e mudanças nos hábitos sociais. O espaço da piscina, que antes atraía as famílias, foi substituído por opções mais privadas em condomínios e residências. Esse novo comportamento social levou ao abandono total do clube que já não cumpre a sua função social no município.

O advogado Alisson Fontes, por exemplo, propõe que o Leader seja transformado em um centro esportivo público, especialmente para crianças e adolescentes. Em seu perfil numa rede social da Internet, ele sugere que o espaço, inclusive, poderia acomodar algumas secretarias municipais, criando um polo administrativo.


A discussão sobre a desapropriação do Leader Esporte Clube é um assunto que desperta o interesse da comunidade. Seria a oportunidade ideal para preservar a memória do clube e revitalizar seu espaço para uso coletivo. O resgate desse ícone do passado jacobinense é uma pauta que merece a atenção e o esforço do Poder Público.

Fonte: Tribuna Regional

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