(Foto: Emily Oliveira) |
Um policial militar matou a ex-mulher a tiros por volta das 14h desta quinta-feira (22) em um salão de beleza dentro do Big Bompreço da Avenida ACM, em Salvador. Greice Kelly Rocha Soares, 26 anos, foi baleada oito vezes.
Segundo testemunhas, Greice trabalhava no local como depiladora. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi chamado e prestou atendimento à vítima, mas ela teve a morte confirmada no local após meia hora. A loja foi fechada após o crime.
Segundo amigos e familiares, os dois tinham um relacionamento bastante conturbado e Greice chegou a ser atacada a faca pelo policial recentemente, mas contou aos conhecidos que o ferimento no braço havia sido causado por uma queda de vidro. Uma amiga de Greice conta que ela estava "tentando se separar", mas o PM não aceitava o fim do relacionamento.
Essa amiga afirma também que a depiladora estava no atual trabalho havia menos de um mês, depois de deixar o emprego antigo justamente porque o policial ia várias vezes no local atrás dela. "Ela sempre falava de várias brigas. E ele já tinha vindo em outros trabalhos dela, o último trabalho que ela saiu foi por causa dele", diz a amiga, que se identificou como Carol. "Ela mesma falava que ia se separar dele." Os dois chegaram a morar juntos, mas atualmente estavam vivendo separados, justamente por conta dos conflitos.
(Foto: Emily Oliveira) |
A amiga diz que sempre questionava se ela não tinha medo de manter um relacionamento abusivo, especialmente com um homem que andava armado. "Ela parecia muito corajosa, era destemida. Não acreditava [que algo assim fosse acontecer]. Nunca denunciou. Sempre se afastava e voltava. Conheço ela há mais de um ano e sempre via eles juntos", afirma.
Assim que soube do ocorrido pela televisão, o primo da vítima, identificado como Herbert, foi até o Big Bompreço. No local, ele recebeu a confirmação de que a vítima era realmente sua prima, e que o autor do crime havia sido o companheiro dela. A informação foi passada por pessoas que trabalhavam com ela.
Assim como a amiga relatou, de acordo com Herbert, a ação do companheiro da prima é fruto do relacionamento conturbado que eles mantinham. "Há pouco tempo ela estava com o braço ferido por causa de uma facada que ele deu. Ela não chegou a denunciar, mas já tentou se separar e ele não aceitava", contou.
Além dos xingamentos e agressões, o autor do crime já fez Greice perder o emprego. Antes de trabalhar no salão dentro do Big Bompreço, ela era depiladora em um salão no bairro da Graça, em Salvador. "Ela estava nesse trabalho há pouco tempo. Hoje ela postou no WhatsApp uma frase escrito 'hoje tem' ele deve ter visto e sabia onde ela estava", relatou o primo da vítima, que permaneceu no local até às 16h30, quando o corpo de Greice seguiu para o IML.
Greice deixou dois filhos pequenos, que são frutos de relacionamentos anteriores e moram com os pais.
O acusado, que não teve o nome divulgado, é lotado na 23ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/ Tancredo Neves). "O policial chegou aí procurando a vítima, que é esposa dele, companheira. Localizou ela dentro do estabelecimento e ao localizar desferiu os disparos", diz o major Luciano Jorge, comandante da 23ª CIPM. "Agora ele vai responder na Justiça pelo crime de feminicídio."
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O policial foi imobilizado por seguranças no local. Uma equipe da 35ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM) foi até lá e levou o suspeito para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A arma também foi apreendida. Além disso, segundo a Polícia Civil, testemunhas do crime foram encaminhadas para serem ouvidas. O crime será investigado pela 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico).
O Departamento de Polícia Técnica (DPT) foi ao local para a perícia e remoção do corpo. Ainda não há informação sobre o enterro do corpo de Greice.
Em nota, o grupo Big lamentou o crime e disse que todas as medidas de emergência foram tomadas, com acionamento de atendimento médico e da polícia. "A rede lamenta profundamente o ocorrido na tarde desta quinta-feira e informa que suas equipes adotaram todas as medidas emergenciais necessárias, acionando atendimento médico e a Polícia Militar imediatamente. A loja foi fechada logo após a ocorrência. Nos solidarizamos com a vítima e sua família e estamos colaborando e à disposição das autoridades para fornecer as informações necessárias", diz o texto.
Segundo balanço do Instituto Fogo Cruzado, 56 mulheres foram baleadas em Salvador e Região Metropolitana desde o dia 1º de julho, quando a instituição começou a contabilizar os dados. Destas, 31 morreram. Houve também quatro casos de feminicídio.
Fonte: Correio
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