Familiares e amigos se despedem de advogado que morreu ao despencar de garagem na Graça

                                                                                                              (Nara Gentil/CORREIO)

Ao falar sobre Jorge Otávio Oliveira Lima, 50, morto após despencar com um carro da garagem de um prédio na Graça, na última quarta-feira (18), parentes e amigos são unânimes ao atestar a solidariedade, gentileza e honestidade do advogado. No sepultamento, que aconteceu no cemitério Bosque da Paz, pessoas próximas ao ex-presidente da Associação Baiana de Advogados Trabalhistas (Abat) falaram ao CORREIO sobre a dor de perdê-lo de maneira trágica e as lembranças positivas que ele deixou.

Os familiares, ainda muito abalados com o ocorrido, preferiram não falar com a reportagem. Mas, amigos próximos do advogado falaram com o CORREIO. Todos fizeram questão de afirmar que Jorge era um ser humano gentil e disposto a ajudar quem precisasse, como estava fazendo quando sofreu o acidente que ocasionou o sua morte.

  Familiares e amigos estiveram presentes no sepultamento do advogado (Foto: Nara Gentil/CORREIO)
Gentil e solidário

Amigo pessoal da vítima, Carlos Freitas, 56, advogado e professor da Escola de Direito da Universidade Federal da Bahia (Ufba), esboçou um sorriso ao ser perguntado sobre ele. "Carismático, gentil e solidário. Capaz de tirar o riso do rosto de qualquer um e uma pessoa que não media esforços pra ajudar os outros. Jorge era dono de uma simpatia enorme e de coração tão grande quanto. Direto, no WhatsApp, ele mandava mensagens para conseguir mobilizar auxílio para os que mais precisam", contou Carlos.

A também advogada e professora da Universidade de Brasília, Renata Dutra, ressaltou o caráter solidário de Jorge. "A gente fala de um cara muito engraçado, cheio de simpatia e que fazia todo mundo rir. Mas, tem também esse aspecto solidário que diz muito sobre ele. Um cara muito generoso, que organizava vaquinha para os trabalhadores informais do bairro e fazia muitos atos de caridade. Era alguém que amava ajudar as pessoas", relatou a professora.

Murilo Oliveira, 40, juiz do trabalho, disse que a dor de perder o amigo, com quem convivia no bairro da Graça, é algo que não deve acabar. "Uma dor incurável. Ele era muito presente, estava sempre pela Graça caminhando. Pra quem morava ali, ele era nosso cotidiano. Jorge era uma pessoa leve, gentil, engraçada. Era alguém que fazia muito bem aos que dividiam um pouco da rotina com ele. Ninguém tinha problema com ele. A partida dele gera um buraco pra gente, a vida fica esburacada", declarou.

    Amigos destacam perfil gentil e solidário do advogado (Foto: Nara Gentil/CORREIO)

Profissional de respeito

Murilo também fez questão de frisar a integridade do amigo enquanto advogado. Segundo ele, Jorge desenvolveu sua carreira na área trabalhista, onde ganhou respeito e relevância. "Ele era um grande advogado, sempre combativo no momento de defender, com elegância e educação, os direitos dos seus clientes. Conseguia fazer o seu papel de maneira íntegra, no sentido de nunca ter brigado ou humilhado alguém enquanto estava na prática de sua profissão. Um profissional irretocável", disse o jurista.

O ex-presidente da Abat, Ivan Isaac, que sucedeu o mandado de Jorge e frequentou a faculdade com ele, destacou a força do advogado no âmbito sindical, onde fez carreira. "Advogava, essencialmente, para funcionários da construção civil, com uma atuação fundamental no direito coletivo, sindical. E ele era muito respeitado no direito sindical, tendo até o respeito gigantesco dos seus adversários nos tribunais. O advogado que foi Jorge deixa uma marca de competência e lealdade que é reconhecida no país inteiro, um profissional enorme que perdemos", falou.

Em seu trabalho, além de amigos e admiradores, Jorge Otávio Oliveira de Lima colecionou cargos de muita relevância. Ele foi conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), presidente da Abat e, também, vice-presidente da Associação Brasileira dos Advogados Trabalhistas (Abrat). Além disso, ele era um dos grandes apoiadores no desenvolvimento de atividades e palestras na Escola de Direito da Ufba, atividade reconhecida por nota pela Escola de Direito.

Memórias

Impecável nos fóruns e nas rodas de conversas, o advogado deixou grandes lembranças para os amigos. Amigo próximo, Deraldo Brandão Filho, que também é advogado, revelou levar consigo as lembranças das obras de caridade de Jorge. "Fica muito entre nós a solidariedade e o bom coração dele. Uma pessoa fantástica e solidária, que ajudava as pessoas, conhecendo ou não. Ele fazia de tudo, até vaquinha", lembrou.

   No trabalho, além de amigos, Jorge coleciou cargos de muita relevância (Foto: Nara Gentil/CORREIO)
A simpatia é a marca que ficou gravada na memória do amigo Sérgio Rodrigues, 76, oficial de justiça. "O que vou levar dele? Ave Maria! É tanta coisa boa. Pense em um cara bom, é Jorge. Ele era fenomenal. Engraçado, simpático, sorridente. Fez tanta coisa que marcou a gente enquanto esteve do nosso lado. Vou sempre lembrar do seu jeito cheio de simpatia, que conquistava a gente. Do baba em que ele jogava no clube, das conversas fantásticas que tivemos", relatou.

Emerson Mangabeira, ex-presidente da Abat, que foi sucedido por Jorge e foi colega dele na Universidade Católica de Salvador (Ucsal), fez questão de lembrar o quanto o caráter solidário do advogado fazia parte de sua personalidade antes mesmo de estar formado como advogado. "Formamos praticamente juntos na Ucsal. Jorge tinha algo que sempre me impressionou. Eu acho que, em 90% do tempo dele, Jorge se dedicava a ajudar as pessoas. A natureza dele era essa. Quem estivesse com dificuldade financeira, alguém com problema de saúde. Ele tinha até uma lista de transmissão que usava para encaminhar situações de pessoas precisando de auxílio. Era fenomenal", disse ao garantir que o maior legado do amigo é a capacidade inabalável de ajudar aqueles que precisavam.

Fonte: Correio da Bahia

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