O presidente da República, Jair Bolsonaro, se tornou personagem da própria "fantasia". Na noite desta quinta-feira (12), durante a já tradicional "live" para seguidores nas redes sociais, Bolsonaro apareceu usando uma máscara durante conversa com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A precaução é justificada: o presidente teve contato direto com o chefe da Secretaria de Comunicação, Fábio Wajngarten, com diagnóstico positivo para Covid-19. Dois dias depois de tratar a expansão do novo coronavírus como "fantasia", Bolsonaro se tornou vítima do próprio discurso.
O morador do Palácio da Alvorada deve ficar isolado lá. A medida é um lampejo de sensatez. Talvez pelo entorno do presidente ter um compromisso maior com a realidade do que Bolsonaro. Enquanto ele insistia na tese de que a quase pandemia era um excesso da imprensa, o Ministério da Saúde iniciou um plano de contenção para a doença. Nada extraordinário, mas foi o mínimo de esforço para que a Covid-19 não se torne no Brasil a ameaça que está sendo em outros países. Ainda não dá para medir o resultado, mas não dá para negar que tenha havido alguma preocupação.
Outro lampejo de sensatez fez da "desrecomendação" para que os ativistas pró-governo não participem da manifestação programada para o próximo domingo (15). Depois de convocar os bolsonaristas (apelidados de patriotas) para a mobilização, dizer que nunca convocou e convocar novamente, Bolsonaro admitiu que há um risco iminente com a aglomeração de pessoas e sugeriu que houvesse a suspensão dos atos. A tirar pela lógica "bolsonariana", o pedido foi a contragosto. Mas é um bom começo para quem precisa alimentar constantemente a retórica belicosa de vítima para manter o domínio sobre seguidores.
O alerta ligado com o teste positivo de Fábio Wajngarten serve para todos os frequentadores do Palácio do Planalto. Isso inclui outras figuras de expressão do governo, como o ministro de Segurança Institucional, Augusto Heleno. Além de Bolsonaro, parece que a "fantasia" do novo coronavírus pode ter também outros personagens dessa caricatura que se tornou o Brasil ao longo dos últimos anos. Esse é o problema de ficar alimentando a ficção ao invés da realidade. Uma hora os dois mundos se misturam e já não conseguiremos identificar o que é real e o que é o mundo em que vive o presidente da República.
Fonte: Bahia Noticias
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